por Soraia Schutel
O que move um líder? Qual seu impacto na sociedade? Como tomar decisões que possam contribuir com a lógica da vida? Como educar líderes para o desenvolvimento sustentável futuro?
Estes e outros temas nortearam todos meus estudos e pesquisas das últimas duas décadas. Um dos métodos mais eficientes para compreender a psicologia do líder é por meio de filmes, que nada mais são que a projeção do inconsciente coletivo e da verdade que emerge nua e crua. Várias correntes de autoconhecimento têm se valido desta ferramenta ao abordar temas importantes para o desenvolvimento humano e a Sonata Brasil a utiliza em seus programas de formação de liderança. É o Cine In: arte e autoconhecimento.
Por ser apaixonada por arte, esta é em definitivo uma das formas mais profundas de educar lideranças pois alia dois pilares fundamentais para a aprendizagem humana: imagem (que retemos e memorizamos por anos e anos) e emoção – recentes pesquisas da neurociência apontam que o humano só aprende quando houver emoção vinculada ao processo educacional. Somos seres emocionais para além da razão.
Os dois papas: 11 ensinamentos sobre a psicologia da liderança
Compartilho alguns dos muitos insights que este brilhante filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles traz sobre a psicologia do líder. Mas antes uma premissa faz-se necessária: o olhar que apresento é exclusivo da função do líder, daquela pessoa que representa uma organização independente do contexto e da área de atuação. Não tenho religião pois hoje minha espiritualidade perpassa por todas, não se limitando a nenhuma e respeitando qualquer manifestação religiosa e espiritual.
1. ESCOLHAS: o líder é chamado o tempo todo a fazer escolhas. Não são escolhas entre o bom e o ruim, mas pelo caminho que possa reforçar o propósito da alma e o bem maior no longo prazo. E essas escolhas são difíceis. Dilaceram o coração, mas em busca de uma causa maior.
2. SINAIS: a tomada de decisão é solitária. O líder conecta-se com o divino para buscar respostas, sinais. O líder sem o aspecto metafísico não é líder. Pois liderança é auxiliar a humanidade a encontrar o próprio caminho, é ser veículo da inteligência da vida neste planeta. Não é um cargo. É uma responsabilidade contínua e um saber servir à própria vocação.
3. MORAL DA ALMA E MORAL SOCIAL: muitas vezes para seguir o caminho é necessário fazer acordos passageiros que não condizem com a própria moral. O sistema muda e trucida aqueles que não estão de acordo com ele. Basta saber deste princípio para se preservar. Os guerreiros sociais, aqueles que morrem por suas causas são necessários (aqui poderia citar muitos como Joana D’Arc, Giordano Bruno etc.), mas aqueles que se adaptam temporariamente ao sistema para se manter vivos e levar a obra adiante também o são.
4. ERROS: o líder paga com a própria existência os seus erros. Desce no fundo do poço para renascer. Nos momentos de máxima crise é necessário se retirar, meditar, refletir, fazer trabalhos manuais, se reconectar com o simples, com a natureza. Nenhum julgamento externo é tão duro quanto o da própria consciência. E sobretudo, é necessário saber perdoar a si e aos outros pois estamos em um processo de evolução.
5. CULTURA: definitivamente o mundo da liderança é fundado na cultura, no conhecimento, na arte, no belo, pois serve de alimento para a alma, que é a fonte de força, intuição, criatividade e inovação do humano (é o ponto de diferenciação nosso dos robôs). Do “Claire de Lune” tocado no piano, ao conhecer os aromas da horta, a desfrutar da obra estonteante de Michelangelo, a falar diferentes idiomas… Liderança requer profundidade, estudo e anos de preparo.
6. ESPIRITUALIDADE: o líder busca a conexão constante com a presença do divino. O fato de não sentir mais este elo espiritual faz com que Bento renuncie. E podemos reforçar esta conexão diariamente através da observação dos pequenos milagres da vida – voo dos pássaros, pôr do sol, o sorriso de alguém que se ama… Pois afinal, afirma Francisco, Deus se faz presente na jornada e nada é estático na natureza.
7. TRAIÇÃO: está escrito na história – a traição tende a vir do ambiente mais próximo, aquele que mais confiamos. A proximidade nos torna míopes, faz perder a visão geral e a criticidade.
8. AMIZADE: é um dos vínculos mais preciosos que podemos ter. Amizades que estimulam, que instigam, que nos transformam, que nos tiram da zona de conforto e nos estimulam a fazer e ser mais. É o vínculo indispensável para nos manter vivos e é a chave de qualquer relacionamento duradouro.
9. SUCESSÃO: todo líder tem que saber a hora de se retirar. O critério da escolha do sucessor é: a) sua conexão com o propósito e os valores da organização e b) sua autenticidade, seu estilo próprio, que terá condições de levar adiante a essência da missão com um estilo próprio, inovando no estilo de gestão.
10. HUMANIDADE: Líder é aquele que se coloca na arena da transformação e vulnerabilidade, que vive com intensidade os altos e baixos da vida, as crises e os apogeus. É o que tem mais coragem de viver ao máximo a sua humanidade e para isso, precisa despir-se continuamente do próprio ego. Humildade e conexão com as raízes são um santo remédio para isso.
11. AMOR: é a principal manifestação da força divina. É o que conecta tudo, é o que nos mantém vivos, é o que gera vida. O líder aprende a amar e ser veículo do amor pelas suas infinitas manifestações.
Poderia delongar-me a tantos outros princípios que este filme ensina, mas considero esses 11 primeiros pontos suficientes para uma reflexão inicial da coragem e da missão de ser líder.
A Sonata Brasil inova no desenvolvimento de lideranças e empreendedores, trazendo a arte como ferramenta no processo educacional.
Para a Sonata, um livro, uma obra de arte pintada ou esculpida ou até mesmo um filme são meios para a aprendizagem transformadora.
Uma das metodologias que utilizamos é o Cine In: arte e autoconhecimento, método que utiliza da análise de filmes para promover um mergulho em quem somos e na vida.